Castelos
Habitamos casas.
Às vezes são apartamentos, até mesmo um sobradinho com uma vista linda para o horizonte, mas nunca um castelo.
Continuamos abolindo a ideia de construir castelos. E se der vontade de construir castelos, lembramos como eles são construídos.
No castelo, os muros são altos e separam as pessoas.
Castelos abrigam princesas à espera de um príncipe. Lá também existe um rei que manda em tudo e tranca a princesa no alto da torre, porque ela não pode sentir vontade de outra coisa, a não ser dedicar sua vida à espera de um Grande Amor.
Entretanto, não gostamos de castelos.
Aí destruímos esta estrutura, a do amor, e construímos uma nova casa com esses tijolos.
Nestas casas ninguém é rei, todo mundo se ajuda. Aqui as pessoas se olham e falam: “Você tá uma lindeza hoje!”. E isso já é o bastante para sentir-se coroado. As mulheres não se deixam trancar, mas ficam atentas, porque é preciso lutar contra isso sempre.
Aqui, são muitos amores. Eu beijo, amo e sigo sempre com mais de um. Ando e penso sempre com mais de um.
Lido com a saudade, choros e preocupações.
Posso mudar de casa, posso voltar para casa e posso nunca mais voltar. Isso dá medo. Dá medo ao ponto de querer construir um castelo.
Mas não. Não vou construir um castelo.
Prefiro construir uma casa aconchegante onde eu sei quem entra, sai, volta, permanece (ou não).
